UM LAMAÇAL DE SOFISMAS

Para quem já foi num dos Templos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e fez o "Ritual da Investidura", deve ter percebido, que numa certa altura do filme que é passado no ritual templário, há uma cena em que Lúcifer diz que usará de sofismas (uma mentira, propositalmente maquiada por argumentos verdadeiros, para que possa parecer real, com o objetivo de enganar as pessoas). O que nos chama a atenção aqui, é que Lúcifer é tido como o arquirrival da “verdade”.

Segundo a doutrina Mórmon, os sofismas são de Lúcifer e a “verdade” são de Deus. Mas, na prática, vemos que os Mórmons se autoconsideram detentores da “verdade” - usaram e abusaram dos sofismas - para tentarem sustentar suas fracas doutrinas (as quais, são como uma casa construída sobre a areia, que é derrubada com facilidade após uma chuva ou vento mais forte).

Os objetivos propostos do Livro de Mórmon, já em sua introdução, sabotam o conteúdo do mesmo. Ou seja, há uma contradição evidente entre os objetivos propostos na sua introdução e o conteúdo apresentado nas páginas subsequentes. A introdução diz claramente que o livro contém “a plenitude do evangelho eterno”; a introdução não diz que o livro contém apenas a plenitude de alguns dos princípios - mais básicos - do evangelho.

Vários Presidentes, que se autodenominam “profetas”, sucessores de Joseph Smith Jr. continuaram afirmando que o livro de Mórmon contem “toda a plenitude” ou a “plenitude do evangelho eterno”. Ora, isso não seria um sofisma? Quem lê este livro com o objetivo de saber sobre todo o evangelho acaba se decepcionando.

O Livro de Mórmon, por si mesmo se auto sabota. Ele, ingenuamente - e displicentemente -, reivindica, de forma absurda (e doa a quem doer), “TODA” plenitude do evangelho, embora, na realidade, não cita, nem ao menos, uma das doutrinas mais fundamentais do mormonismo que é o batismo pelos mortos. E, mesmo que essa doutrina fosse citada, ainda assim, o livro se auto sabotaria, já que faltariam muitas outras doutrinas a serem, ao menos, citadas. Faltaria a, por exemplo, a doutrina da prática de ordenanças ou rituais templários para uma possível salvação ou exaltação.

Não há como defender o indefensável, seria bem melhor para esses sucessores de Joseph Smith Jr. assumirem os erros e as contradições. Contra a razão, parece não haver argumentos convincentes.

Entendo perfeitamente que os membros da seita chamada mormonismo dirão que seus líderes possuem o dom de receberem “revelação” contínua. Eles precisam tomar muito cuidado, porque já estão atolados num lamaçal de sofismas.

Há muitos anos, eu esperei encontrar a plenitude do evangelho eterno nas páginas do livro de Mórmon, coisa que nunca se concretizou em minha vida. Duvido que alguém consiga ou conseguiu essa proeza. A palavra “plenitude” significa a condição do que já está completo. E o livro de Mórmon nunca esteve completo no que diz plenitude do evangelho eterno. O melhor argumento para combater a fé é mesmo a razão.

Agradecimentos a Richard Lazarini!